terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Já não estou



Volto pro meu mundo de quatro paredes: meu quarto, minha rede. Acho que nunca me senti tão só, e tão infeliz. Preciso me acostumar à minha própria companhia, que por muito tempo tentei evitar com afazeres que me sufocam, demandas externas e histórias de amor.

Talvez a vida esteja tentando me ensinar a passar por esses momentos inevitáveis. Ao longo do nosso caminho perdemos pessoas queridas, nos despedimos de coisas e lugares, nos separamos, morremos. E eu, que de tão acostumada a despedidas, pareço totalmente despreparada.

Sua partida não foi nada diante do que está por vir. Isso me estremece. Não consigo ativar um botão do desapego e viver friamente sem que nada me afete: sou intensa, e isso me faz perder pedaços a cada vez que tenho que dizer adeus. Fui deixando meus pedaços a cada uma de nossas despedidas, até que não restou nada de mim. Sinto falta de mim...Não tem ninguém nesse quarto.


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O fim de um começo e o começo de um fim

Empacotando lembranças que jamais serão esquecidas. Talvez um dia, por distração, eu venha a desempacotá-las. Talvez um dia aquele tango já não me cause dor. Aquelas fotos me façam sorrir. E aquele pedacinho de mundo possa me pertencer outra vez.
Me sinto naquele momento em que minha vida começa a parecer um filme do Almodóvar e eu volto a escrever sem rumo, sem pretensão.
Retiro uma mala das costas e ganho um buraco infinito. Mas são dos buracos que são feitos os destinos...Vou caminhando na trilha sozinha, e quem sabe no fim da linha eu encontre o meu.
Como é belo o fim da linha...