sábado, 22 de agosto de 2015

A crise dos 27

Eu precisava falar da crise. Não para justificar meus fracassos, os possíveis atrasos e descompassos. Tampouco para me afundar nela, ignorando as soluções que surgirão na jornada. Mas para deixar o registro de mais este momento, mais uma revolução, como pegada na areia para não se repetir os mesmos erros, e reviver o caminho quando sem querer eu os repetir.

Reluto, mas não posso parar o tempo. Em alguns instantes farei 27 e é inevitável o conflito entre o orçamento e a realização, e principalmente entre meus sonhos e anseios antes e depois de cada terremoto.

Eu saí do lugar, e como era de se esperar já não me lembro do caminho de volta, e nem sei se gostaria de encontrar. No momento sigo sem rumo, e me sinto fora da casinha ao observar as vidas ao redor, que parecem tão resolvidas e "nos trilhos"...

A agonia toma conta de mim. Não mais a distimia habitual, de céus cinzentos e sem paixão, mas agora peco pelo excesso, pelos mares de questionamentos, desejos e dúvidas. Inconformismo.

Tudo o que me faz falta, é melhor que neste momento permaneça no fundo do mar. Hoje eu quero a mim. Quero dormir e esperar que a vida responda cada uma de minhas perguntas. Que ter 27 não represente o fim, e que o peso do "quase 30" não me traga mais cobranças, apenas o autoconhecimento, que até aqui foi missão impossível. Espero por um mundo novo, pelo que me espera do lado de lá.

"So wake me up when it's all over. When I'm wiser, when I'm older. All this time I was finding myself and I didn't know I was lost..."


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Caleidoscópio

Se a vida é uma ilusão e tudo o que vemos é de alguma forma, subjetivo, escolho mergulhar. Não mais de olhos fechados. Não importa o quanto dure, não há nada quanto uma ilusão compartilhada. E mais preciosos são os momentos em que me recolho com meus retalhos pintados de cores, paisagens, lembranças do que não foi vivido, sonhos intercambiados...reais ou não. O que é a realidade? Uma vida inteira para descobrir.


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Sobre as decepções de cada dia...


Ainda não aprendi a não me frustrar, e não descobri onde fica o botão "desligar" da ansiedade. E há momentos em que a ansiedade por algo importante que me traga mudanças positivas se junta às decepções pelo que não logrei, virando uma tempestade sem fim. É hora de me encolher na chuva, me segurar para que a ventania não me arraste, e me lembrar de que sou a melhor companhia para esses momentos: segundo tudo o que sei e vivi até hoje, vai passar. Me digo que em breve olharei para trás e estarei rindo de tudo isso, e seja o que for, estarei comigo.

Me pergunto como seria minha vida se nada do que eu amei tivesse tido fim, se todos os  meus caprichos tivessem sido atendidos e se a vida me desse prontamente tudo o que eu desejava sem que eu tivesse derramado nenhuma lágrima ou gota de suor: que droga, heim?! Quer eu aceite ou não, é normal, faz parte, e nunca nada foi em vão. Me levanto pra seguir o caminho que tracei sem distrações. O que ficou para trás, deixo pelo caminho.

Há coisas que o vento leva, outras, o mar devolve. Enquanto meus pés estiverem firmes no chão, nunca me faltará vida e mundo pra percorrer. Para o alto e avante, sempre!

sábado, 11 de julho de 2015

Viver é...seguir.

Se a vida é uma viagem que não permite excesso de bagagem, acredito que na minha mala só vou precisar de uma rede, alguns livros, zumba e uma boa câmera fotográfica.

Aos poucos tudo é levado pelo vento ou esquecido pelo caminho, e aprendo a me apegar apenas ao que me faz bem, mesmo sabendo que as dores, assim como mau tempo, são inevitáveis.

Muito me questionei se a autoestima e a autoconfiança não deveriam me tornar imune às paixões e à saudade, e se eu jamais haveria de sofrer após desvendar tantos mistérios da minha consciência...mas aprendi a me perdoar e aceitar minhas fraquezas, e me permitir alguns momentos de descanso antes de partir rumo a novos horizontes, afinal, a viagem continua só com o que me couber na mochila, com ou sem companhia.

Aprendi que certamente vou ouvir muitos "nãos" da vida, que aconteça o que me acontecer eu jamais deixarei de sentir dor, e como a própria vida já me ensinou, tudo sempre vai passar.

E ainda que meus retalhos estejam perdidos pelo mundo, vou me juntar ao que me restou, minha simples companhia, abraçar o que me faz bem, respirar fundo e seguir meu caminho.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Inverno e nostalgia

Às vezes sinto dores por todas as partes, em lugares que nem mesmo eu posso identificar ou descrever. É que meus retalhos permanecem espalhados por aí, e o frio, a escuridão e a noite em algum lugar do mundo machucam algo de mim.


Hoje o dia é de serenar. Trabalhar o corpo e descansar a mente, tentar fechar os olhos, ao menos. É que o Sol não nasceu pra me ofuscar, mais um motivo para manter o foco e seguir em frente. Não me esquecerei de quando o meu jardim se floriu, de quando o céu se cobriu de cores de repente, de quando minhas asas estiveram prontas pra voar sobre o mar...mas é que a vida não me permite sentir saudades e tudo o que vivemos, sentimos ou sentiremos nunca nos deixará, pois de uma forma inexplicável e incompreensível...somos todos um.

domingo, 7 de junho de 2015

O que a ilha me ensinou

Em meio às viagens que vivi dentro ou fora do meu mundo particular, tive a chance de atracar em terra firme diversas vezes, onde a vida me apresentou momentos de introspecção e me trouxe coisas novas, sem que eu precisasse buscá-las no oceano. Eu diria que a cada viagem dentro de mim, volto com a certeza de quem sou, e a cada vez que viajo por outras terras, me transformo completamente, e inicio uma nova jornada de autoconhecimento. Floripa foi pra mim uma experiência curta, mas inesquecível. Ela me despertou o insight do que a ilha representa no curso da minha existência.

Desta vez a ilha, de fato, me deixou muito mais do que lembranças, saudades e souvenirs comprados pelas esquinas. Ela me lembrou de que navego só, mas que a viagem não necessita ser solitária. Que o amor é relativo, transitório, mas imortal dentro de mim mesma. Aprendi que a força do desejo pode ser mais intensa que a dos atos. Cada ser, cada passageiro, cada história que se encontra não está lá por acaso.

Lutar pelos nossos desejos é também saber deixá-los vir, ir e votar, como as flores ao mar, e estamos nesta terra, o tempo que for, para transformar. Ainda que não deixemos marcas na areia, certamente marcaremos vidas alheias e seremos marcados por elas.

Não há tempo ocioso, tampouco cantinhos vazios de nossa alma: espalhemos amor em cada rua, e cedo ou tarde, o encontraremos pelo caminho!

Amor, admiração e paixão serão sempre bem vindos ainda que me causem dor, e nada do que vivi até aqui foi em vão.

Voltei com dúvidas, questionamentos, sonhos novos (e antigos sonhos despedaçados). Ainda não conheço a lógica do destino nem desvendei os mistérios do Universo, mas aprendi a aceitar a natureza com suas transformações, transformar-me com ela e compreender que minha vida realmente vale à pena ainda que só me reste um último suspiro. Todo lugar é maravilhoso e sempre haverá o que meus pés possam explorar. Tudo só depende de mim. Só de mim.

...E não há música que não se saiba dançar quando nosso coração está aberto, em paz.

domingo, 31 de maio de 2015

Abrace o que ama

Tem uma coisa que me intriga, que me decepciona, e acaba me servir de consolo: a vida é, de fato, feita de surpresas do início ao fim. E ainda que eu discordasse, existe um perfeito equilíbrio entre cada poeira que se move no vento, e nenhuma folha cai fora de ordem.
Assim como a morte nos surpreende, a vida nos apresenta novos dias, novos rumos, pessoas e lugares, aceitemos ou não. Sem previsão. Basta que fechemos os olhos e deixemos o tempo fluir como uma música suave que nunca aprenderemos a tocar.
E cada segundo é uma vida inteira, que deve ser inteiramente aproveitado como um último suspiro. Cada instante nos convida sem que possamos nos dar conta: apenas aceite e abrace aquilo que ama.
Abracei a terra, o ar, a vida. Admiti que a perda não é real quando tudo o que passou valeu à pena. E tudo o que me trouxer flores, que seja bem vindo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Fuga


E tem momentos em que eu só penso em seguir viagem. Aproveitar os amores que encontrei pelo caminho e partir ao amanhecer, sem despedidas ou explicações. O mundo lá fora, nunca visto, parece trazer um suposto conforto, um repouso, de tudo o que parece contínuo demais. Ou talvez a dor e a saudade representem um auto flagelo viciante que me faz falta.

Busco um vôo repleto de estranhos, um apartamento vazio com uma paisagem desconhecida na janela, ou uma estrada no deserto. Vontade de me encontrar, com unica e somente eu mesma, levando todos esses amores no coração, para descobrir o que restará no fim da jornada.

Mas por que toda essa desordem quando tanta coisa parece calmamente encontrar o seu lugar? Quando a cidade já está mapeada em minha mente? E o desconhecido parece me atrair mais na estabilidade do que no desespero. E é uma tentação deixar tudo para trás, sem romper, e nutrir a falsa expectativa de que ficariam parados esperando meu retorno dessa longa viagem...interior.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Infinito enquanto dure


Um novo amor é como um oásis no deserto. Uma flor acidentalmente germinada no meu solo repleto de pedras. De repente, meu universo se enche de cores nunca vistas. Não há luzes, fogos, fantasias. É só mais um fenômeno da natureza.

Eu costumava temer os amores reais, e mesmo assim não podia me esconder das dores que mesmo as fantasias me traziam. Impedir algo de começar tentando evitar o fim é mera ilusão.

Sim, ele um dia chegará ao fim. Morrerá como tudo o que nasce. Vai perder sua intensidade ou me ferir. Talvez me leve pedaços...e nunca mais tornarei a ser a mesma pessoa. Uma crueldade inerente a tudo que passa por essa terra: parte da vida.

O que fazer? Simplesmente amar. Viver intensamente cada segundo. Reter tudo o que houver de bom e dar o melhor de si. E toda dor será bem vinda. Todo sofrimento, recompensado...cada lição, um capítulo de um livro maravilhoso.

E não há imensidão comparável à do "infinito enquanto dure"...