quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Meu segredo

Meu segredo é sobre coisas tão belas...que nesse mundo devem permanecer escondidas. Em meio ao meu caminho pelo auto conhecimento e busca por auto-amor e estima, me tira do sério encontrar desses amores sem explicação, ou lógica alguma. Todos dizem que é falta de amor próprio se deixar viver um amor não correspondido, onde se entrega flores e se recebe pedras, mas a natureza me ensinou a deixá-la seguir em frente, e apreciar cada um desses fenômenos de camarote, como quando assisto filmes sozinha no frio da madrugada...

Mais uma vez ele foi, como sempre vai. Já não é questão de revisar o passado, pois hoje vivo cada dia como um espetáculo inédito, e os milhões de amores que encontro pelo caminho, seja para apreciar, calçar, vestir, ou simplesmente sentir seus aromas, são peças únicas e indescritíveis. Esse não tem nome, idade, nem razão. Se locomove, se alimenta e respira sozinho. Não me é indispensável e não perturba minha alma, mas está sempre lá, no meio do caminho sempre que retorno de uma de minhas órbitas.

Aprendi a andar só, me amar só. Faço planos de me levar pra o fim do mundo sem receios de deixar ninguém para trás. Conheci o amor próprio e às vezes isso me basta...mas isto continua ao meu redor, quase imperceptível como pequenas gotinhas de chuva no meio da noite. Caminha solto como um cão sem dono, literalmente sem dono, e eu já não questiono se este um dia olhará pra ele ou virá buscá-lo. Deixo a natureza seguir. Sublimo a indiferença, a distância e o desprezo, mas toda vez que ele se conecta a mim, seja por uma palavra, sinto o calor de um abraço real, abraços que nunca dei pela falta. Quando por acidente, ele surge em meus pensamentos, me leva a um êxtase sem descrição. Não faz mal, não dói (ainda)...e por isso deixo que a natureza o alimente.

Agora viro as costas e sigo novamente. Não sei o porquê de ter de ignorá-lo. O mundo é assim, às avessas. Creio que nunca poderei confessá-lo ou conversar sobre isso. Declarações sempre trazem um tom de cobrança e causam repulsa, até mesmo a mim. Ainda que eu só tenha a falar de coisas belas e sem importância, terei de guardá-las como um grande segredo...mais um amor em segredo.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Retomando a trilha da Felicidade

Os dias cinzentos me refletem como espelhos, me tirando o foco do Sol e das flores, não havendo outra coisa a observar senão minha própria alma. Me obrigo a levantar, sair de mais uma longa noite de hibernação, e me lembrar dos meus desejos mais insistentes: viver, no mais alto volume e maior intensidade.


Amar de todas as formas possíveis e impossíveis, viver experiências inusitadas e maravilhosas, conhecer os poucos verdadeiros amigos que possam existir no mundo, aprender o que quase ninguém poderia em um curto tempo de vida. Acredito que não há medida, nem exageros quando se busca a felicidade. Mas, por alguma razão me limito, me perco, me frustro. Por onde começo a realizar os meus sonhos? Talvez a resposta certa seja "aqui, agora, com todas as pessoas que se inserirem nele."


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Por favor, não me broche!


Não me prive da diversão de um inusitado curta-metragem a dois. Permita os gestos, falas, cenários. Que minha imaginação possa navegar em boas lembranças e doces expectativas, que não farão mal a ninguém. Não apague as luzes, não me conte o final. Toda história que me empolgue precisa de sangue nas veias, calor e respiração: humanidade.

Por favor, não me canse. Não me broche. Não deixe que os ruídos ao redor distraiam minha frágil atenção. É triste perder a festa, perder a graça, desencantar. Tenho que admitir que algo da minha infância nunca me deixou, e sou movida a fantasias, brincadeiras intermináveis. Ainda que use máscaras, não desapareça.

Me permita uma dose de igualdade, liberdade, prazer. Não me deixe faltar palavras, desejos, aromas e olhares. Pra mulher brochada não há remédios. Foi uma flor que murchou, um avião que não decolou. Se frustrou, e simplesmente foi.