Saindo forçadamente de mais uma crise antissocial (chego a
ser antissocial com meu próprio espelho e com meu próprio blog!) entro em uma
crise existencial. Tento fugir do medo de que as coisas não deem certo outra vez.
Às vezes parece que a vida caminha a passos lentos, sendo
incapaz de acompanhar o meu ritmo frenético. A verdade é que nem tudo correu
como planejei, mas correu. Parte de mim andou em círculos e sinto que essa
última fase de fobia social foi mais um mecanismo de auto-sabotagem. O jeito é
lutar contra minha natureza e nadar contra a correnteza. É impossível ser antissocial quando se é free lancer (afinal, nem só de concursos
vivo eu). E contrariando todos os meus planos ainda resolvi me meter em mais um
processo seletivo para um emprego anunciado no jornal de domingo, só pra
colecionar stress, como se me
faltasse.
Após 4 kg lost, abandonei
a dieta, como forma de afrouxar um dos cintos apertados da minha auto-cobrança .
Carreira é só o que me importa agora. Pelo menos descobri a Zumba, meu novo
vício...uma boa válvula de escape.
E em meio a trabalhos avulsos de auditoria, eventos do
projeto internacional, ligações da minha ex chefe me rastreando e me oferecendo
trabalhos para garantir a diversão nos finais de semana, cronogramas de estudo
atrasados e concursos anulados, procurei aprender a usar o pensamento positivo
a meu favor numa nova empreitada. É a coisa mais difícil que já tentei fazer
(como se pode ver, neste exato momento não estou conseguindo).
Procurei ler sobre a força do pensamento e formas de se manter
sempre na vibração correta, mas não sei até que ponto podemos controlar esta “vibração”.
Em muitos momentos da minha vida fiz as coisas caminharem a meu favor e
consegui exatamente aquilo que queria e acreditava. Nesse tempo eu enxergava o
inverso: achava que a minha intuição já me dizia aquilo que eu iria conquistar,
e agora tento entender como esse destino poderia ser “criado” a partir de nós
mesmos. Tento descobrir o que separa a auto-confiança da auto-cobrança, ou a
crença da realização dos sonhos com a ansiedade por vivenciá-los (se alguém
souber, me explica).
É como andar sobre as águas. E sempre tem um momento em que
eu tenho medo e acabo estragando tudo. Medo, y otras cositas más... ter foco é muito complicado quando se é
naturalmente ambíguo, e se quer todos os sonhos do mundo ao mesmo tempo. Quanto
a isso tenho a dizer que por acreditar em mim e perseguir algo que queria muito
cheguei à última fase do processo seletivo concorridíssimo da Embaixada da
França, mesmo sem estudar francês há anos, mas sendo realista, admito não ter ido
bem justamente na última entrevista, quando me restaram apenas 4 concorrentes.
Talvez por me distrair com o francesinho que me entrevistou,
e ficar observando como seu rosto era meigo, seus dentes eram meio separados
como os meus e era bonito lhe ouvir falar (maldita progesterona!), eu não me
empenhei em dizer tudo o que deveria dizer em uma entrevista de emprego e
gaguejei inúmeras vezes no meu francês improvisado. E pra variar ainda
encasquetei na paranoia de que, ao se despedir, ele me disse “adieu”, ao invés de “au revoir”... (Não sei se isso de fato
aconteceu, mas se ele disse “adieu”...significa
“já era...perdeu, neguim!”).
Pode ser que eu não consiga o emprego...andar sobre as águas não é
tão fácil assim, mas aí eu me pergunto: porque fui procurar um emprego tão
próximo de ser convocada no concurso público? O que farei, se conseguir a vaga,
e logo em seguida for convocada? Acho que isso já responde o meu mau
desempenho. É minha ambiguidade mais uma vez...quem me dera poder ser, de fato,
várias de mim.
Mas o que todas de mim querem em comum é chegar ao próximo
ano com uma outra realidade. Ainda me restam uns 23 dias. Vou torcer para que
meu mundo se vire de ponta-a-cabeça.
Pensamento do dia: Se os pernilongos matassem uns aos
outros, tal como os seres humanos, teríamos noites mais tranquilas...